Por Maria Smith*
As ruas de Londres essa manhã permaneceram geladas e com a sua típica neblina, porém os jornais foram unânimes nas manchetes: o Príncipe Harry e sua esposa, Meghan, Duque e Duquesa de Sussex anunciaram de forma "oficial" que irão abandonar seus deveres como membros sêniores da casa Real Britânica. Na prática isso quer dizer que deixarão de representar Sua Graciosa Majestade em deveres oficiais, e que, pelo menos em teoria, deixarão de receber a sua gorda parcela do Fundo Soberano (o valor que o contribuinte britânico arca anualmente, e geralmente de muita boa vontade, para manter a Rainha e seus parentes mais próximos, que por estarem mais próximos na linha de sucessão, que tem mais de 2 mil nomes, vale-se lembrar, recebem alguns milhões anualmente para basicamente estarem a "disposição" para representar a Rainha em eventos oficiais).
Em um arquipélago que carece de celebridades, a Família Real é a maior fonte de histórias que estampam as primeiras páginas dos jornais, e é justamente para isso - além de cortar algumas fitas em inaugurações, lendo discursos prontos - que são mantidos em palácios espalhados para toda a Londres sem pagar por isso, e sendo mantidos pelo Fundo Soberano. Ocorre que Meghan, a Duquesa de Sussex, não se contenta em ficar em "segundo plano", haja vista que o Príncipe William, como segundo na linha de sucessão, e sua esposa Kate, Duque e Duquesa de Cambridge, devem ter maior brilhantismo (uma vez que Sua Alteza Real o Duque de Cambridge será um dia Rei, depois do Príncipe de Gales, coisa que não irá ocorrer com o Duque de Sussex).
Todavia para Meghan, acostumada a ser uma "estrela" por seu único papel relevante, desenvolvido em uma única série, Suits, acha que deve ser também uma "estrela" na Família Real, e como já percebeu que isso não irá ocorrer (como ficou bem demonstrado pelo fato de seu filho, Archie não receber o título de Príncipe, nem o tratamento de Sua Alteza Real, podendo no máximo ser chamado por "Conde de Dumbarton", segundo título de seu pai, S.A.R. o Duque de Sussex).
Meghan agora causou o "Megxit", como ficou conhecida essa patética declaração na qual seu marido, para cumprir sua vontade, anunciou que estava "renunciando seus deveres como membro sênior da Casa Real"... Dizem que pretendam se mudar para os Estados Unidos, ou para o Reino do Canadá... o sentimento nas ruas é quase unânime: QUE VÃO! Mas aí surge a questão da continuação do texto do anúncio do "Megxit", que eles "pretendem trabalhar e serem financeiramente independentes...".
Ninguém em Londres essa manhã estava preocupado que finalmente o Príncipe Harry resolveu trabalhar, o problema é: que tipo de trabalha o neto da atual Rainha da Inglaterra, filho do futuro Rei e irmão do Rei seguinte, poderá exercer sem com isso estar vendendo sua influência junto à Coroa?
Sua Graciosa Majestade desmentiu o anúncio do "Megxit", por meio de uma nota oficial do Palácio de Buckingham, a Rainha informou que "as discussões com o Duque e a Duquesa de Sussex estão num estágio
inicial. Entendemos seu desejo de tomar um rumo diferente, mas estas são
questões complicadas que levarão tempo para serem resolvidas". Ou seja, não será apenas deixarem o Reino Unido e irem vender influência em terras americanas... se quiserem sair, que saiam, mas que deixem seus lugares na linha de sucessão quando saírem daqui.
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* Maria Smith é brasileira, natural de São Paulo, vive há 10 anos em Londres, e é casada com um britânico natural de Gales. É correspondente da Revista Mundo da Nobreza para o Reino Unido.
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