O Chefe da Casa Real Portuguesa conta que não vê problemas em votar em comunistas, e que toma ivermectina "para previnir a pandemia"
Portugal instaurou a república há 111 anos, mas se ainda tivesse um rei, hoje ele seria Dom Duarte Pio de Bragança, 76. Apesar de ser considerado "chefe da Casa Real", não tem status oficial no país, nem qualquer tipo de subsídio do governo. Ainda assim, Duarte conta que a vida inteira tem trabalhado a serviço da pátria, participando de comemorações históricas, eventos culturais em todo o território nacional, e levando a cultura portuguesa a outros países. Ele é presidente da Fundação D. Manuel II, uma ONG que promove ações em países lusófonos: entre outros, desenvolve projetos de formação e capacitação de professores no Timor Leste e assiste pessoas fugindo do terrorismo em Cabo Delgado (Moçambique).
O escritório da Fundação, onde recebeu a nossa reportagem, fica numa rua tranquila em meio ao burburinho do turístico bairro do Chiado, em Lisboa. Assim que me cumprimentou, disse que eu poderia tirar a máscara — embora a sala fosse bem pequena, afirmou sentir-se protegido por tomar ivermectina semanalmente.
Quando lhe foi dito que no Brasil houve grande adesão à ivermectina e, mesmo assim, o Brasil tem seguido com alto número de infectados, preferiu seguir com o foco no local. "Em Portugal tem tido muito efeito. Estive com várias pessoas infectadas e não apanhei", relatou. Apesar disso, garantiu que está devidamente imunizado com as vacinas, incluindo a dose de reforço.
Embora critique a Direção Geral da Saúde (o ministério da saúde local) na condução da pandemia, elogiou o atual primeiro-ministro, António Costa, do Partido Socialista (PS), que em janeiro conquistou a maioria absoluta nas eleições parlamentares. Ele considera que Costa tem feito um bom governo "dentro das possibilidades e da doutrina do Partido Socialista". Também gosta do atual presidente, Marcelo Rebelo de Sousa (sem partido).
Ele mesmo, porém, não votou em nenhum dos dois. Isso porque ele não vota em pleitos nacionais. "Pela minha posição familiar, de chefe da Casa Real portuguesa, devo manter neutralidade", afirmou D. Duarte em seu escritório, cercado de imagens da família Real portuguesa, devo manter neutralidade", afirmou D. Duarte em seu escritório, cercado de imagens da família real, anotações com senhas, uma grande árvore genealógica e um pequeno retrato do papa emérito Bento XVI.
Há municípios onde, de fato, os comunistas têm feito melhores governações
Duarte vota apenas nas eleições municipais de Sintra, onde reside, porque acredita que sua opinião sobre o governo local não fere a neutralidade exigida para seu papel nacional. Prefere não citar nomes, mas contou que já votou no PSD (centro-direita), no PS (centro-esquerda) e até no Partido Comunista. "Muitas vezes o candidato comunista é o melhor. Há municípios onde, de fato, os comunistas têm feito as melhores governações", disse.
Não julga membros de famílias reais que se metem mais em política partidária. Sabe que seus três filhos costumam votar, mas não pergunta em quem e prefere não saber. Também não vê problemas no posicionamento político de Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL), seu primo brasileiro eleito deputado federal por São Paulo em 2018. "Não vejo problema, porque ele não é o Chefe da Casa Imperial do Brasil. Então ele tem esse direito", afirmou, explicando como funciona a hereditariedade para o trono brasileiro, se houvesse um. "O pai dele [Príncipe Eudes] poderia ter sido Herdeiro da Casa Imperial do Brasil, mas renunciou. O tio do Luiz Philippe, o Príncipe Dom Luiz Gastão, é que é o chefe da Casa Imperial do Brasil.
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