Na edição de hoje da Revista Mundo da Nobreza, trazemos uma
entrevista concedida por Sua Alteza Sereníssima o Príncipe D. Andrea III Gonzaga Trivulzio Galli, 18º Príncipe de Mesolcina, que hoje completa 24 anos de idade.
Mundo da Nobreza: Vossa Alteza Sereníssima está fazendo
hoje seu 24º Aniversário. Como Vossa Alteza vê sua atuação como Chefe da Casa
Principesca de Mesolcina com tão pouca idade?
Príncipe D. Andrea: A Nossa atuação como Chefe da Casa
Principesca de Mesolcina visa duas atuações. Uma delas é a manutenção da
Tradição de Nossa Família, que é enraizada nos primórdios do Cristianismo. Esta
Tradição Familiar se passa de geração em geração, de modo a manter o amor por
Mesolcina, por Alvito, pelo Tre Pievi, enfim, por todos os antigos Principados
e Senhorias de Nossa Família.
A outra é justamente a modernização de Nossas Instituições,
de modo que o antigo aparato da Casa Principesca, possa ainda hoje, ser útil ao
povo mesolcinense e às demais pessoas que auxiliam nos trabalhos da Casa Principesca.
M.N. Vossa Alteza está cursando a
Faculdade de Direito na Universidade Regional Integrada do Noroeste do Estado
do Rio Grande do Sul, a UNIJUÍ, uma das mais antigas e respeitadas
Universidades do Rio Grande do Sul. Quais são as suas aspirações profissionais
na área?
P.A. Cursar Direito na UNIJUÍ foi
realmente um grande prazer, vez que é uma Universidade conhecida pela
excelência na formação humanista. Os planos para o futuro envolvem prosseguir
com os estudos acadêmicos. Terminarei a faculdade de direito ao final deste ano
de 2014, sendo que, após isso, terei início no Mestrado.
Príncipe Andrea, em uniforme de gala, condecorando o Barão de Pimenta-Bueno. |
M.N. Sua Alteza já pensou na área?
P.A. Gosto muito da área histórica do
Direito, porém outra possibilidade é o Direito Internacional, onde poderei ter
meios de auxiliar os povos de Nossos antigos Principados, principalmente os de
Mesolcina, Trè Pievi e Alvito, que estão hoje vivendo uma forte crise de suas
identidades culturais.
Sua Alteza Sereníssima junto a seus irmãos |
M.N. E que planos tem Vossa Alteza
Sereníssima para o futuro de Mesolcina?
P.A. Mesolcina é um lugar maravilhoso,
sendo um dos mais ricos da Europa, sendo esta riqueza natural, histórica,
humana e mesmo social. A história de Mesolcina está entre as mais ricas da
Europa, e nisso, a Casa de Trivulzio, e depois a Casa de Trivulzio-Galli,
tiveram um papel preponderante.
Creio que o futuro de Mesolcina deve ser tão rico e glorioso
como o seu passado, e que a minha Família poderá ter uma atuação primordial
neste futuro mesolcinense.
O Príncipe Andrea durante a visita do Arcebispo Eparca Católico Greco-Melquita do Brasil Dom Fares Maakaorun. |
M.N. E que problemas Vossa Alteza aponta
do presente de Mesolcina?
P.A. Um dos maiores problemas atuais de
Mesolcina está justamente no fato da falta de jovens. O antigo Principado de
Mesolcina, que atualmente faz parte da Suíça, como os Vales de Mesolcina e
Calanca, estão passando por uma fase crítica da falta de natalidade, sendo uma
das principais consequências disso, a avançada idade da população. O problema
disso, é que é dificílimo imaginar o futuro para uma região em que nasçam
poucas crianças.
M.N. E Como Vossa Alteza, que é bastante
jovem, vê o interesse dos outros jovens pela história das antigas Casas Reais?
P.A. Os jovens de hoje demonstram um
grande interesse pela história e tradição das Casas Reais. O interesse pela
Monarquia está crescendo muito, principalmente entre os de menos idade, que não
foram influenciados por governos ditatoriais, que passavam de maneira
intencional uma ideia errada da Monarquia nas escolas. Atualmente, temos a participação de muitos
jovens em Nossas atividades. Vemos um interesse sempre crescente dos jovens
pelas Nossas Ordens de Cavalaria Dinásticas, e isso, é um sinal de que os
ideais das antigas Casas Principescas do Sacrossanto Império Romano-Germânico ainda
vive.
Príncipe Andrea junto de Dom Betrand de Bragança, Príncipe Imperial do Brasil. |
M.N. A Europa hoje está em crise. Como Vossa
Alteza Sereníssima vê os novos movimentos nacionalistas europeus?
P.A. A crise na Europa não é recente. O que
temos visto atualmente é o efeito econômico desta verdadeira crise de
identidade que vem assolando a Europa a pelo menos duas décadas. A Europa que
hoje conhecemos nasceu dos ideais cristão de meu antepassado Carlos Magno, Rei
da França e da Itália, e Imperador do Sacrossanto Império. Quando, há alguns
anos, a Europa decidiu dar às costas a esta sua origem cristã, começou a crise
de identidade europeia.
Os movimentos nacionalistas que hoje vemos são a consequência
lógica deste distanciamento europeu de suas origens.
M.N. E Vossa Alteza vê com preocupação
tais movimentos?
P.A. Há princípio não. A história é como o
pêndulo de um relógio. Por vezes os povos buscam se distanciar dos ideais
nacionalistas, por vezes buscam se reaproximar deles. Nisto, é de fundamental
importância a Monarquia, vez que, os Reis incarnam a própria ideia da nação
para seus súditos.
Deve-se apenas tomar cuidado com movimentos nacionalistas em
países como a Alemanha ou Itália, hoje ambas repúblicas, pois o retorno em
massa à ideias fascistas seria um prejuízo inenarrável para toda a
humanidade.
M.N. Vossa Alteza é solteiro. Tens
planos para o futuro? Nestes tempos em que príncipes casam-se com mulheres não
provenientes da Nobreza, V.A. espera manter a tradição de sua família de
casamentos entre a Nobreza?
P.A. Realmente é de fundamental
importância o respeito pelo casamento entre nobres, já que, é a única maneira
de se conseguir transmitir os ideais da Nobreza para a próxima geração. Atualmente, porém, o que
se está vendo é o casamento entre príncipes e mulheres provindas da burguesia,
ou do mundo das celebridades, e isso, é um sinal dos tempos que vivemos.
Em minha opinião, o casamento entre um Príncipe e uma mulher
que não nasceu no “Círculo Real” é sim possível, desde que a mulher se prepare
para a missão que irá desempenhar. É de fundamental importância que a mulher
tenha então um altíssimo nível de instrução acadêmica, de modo que possa
compensar assim o fato de não ter sido educada desde a infância para o
exercício do papel da realeza. O que não se pode jamais abrir mão é de
manter-se a tradição da minha Família, do casamento ser sempre realizado entre
Católicos.
M.N. Vossa Alteza é ligado aos grupos
Católicos mais tradicionais, como a Fraternidade Sacerdotal São Pio X, ou
grupos afins?
P.A. Sou apenas um Católico Romano, que
ama a sua Igreja acima de tudo. Rezo e vivo como os Católicos Romanos costumavam
rezar e viver até os anos 60 do último século. A Tradição Católica é muito mais
antiga, do que, por vezes, algumas pessoas querem demonstrar que ela seja.
Muito esclarecedora essa entrevista, mas um dúvida me surge: quando e por qual circunstancias se deu a transferencia da Casa Principesca de Mesolcina, da Europa para o Brasil?
ResponderExcluirTambém gostaria de esclarecimento a respeito dessa questão!!!!
ExcluirO sul do Brasil foi fundado por Europeus de origem alemã, ucraniana, polonesa, italiana entre outras. Visite o Rio Grande do Sul!
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