Chefes Heráldicos.
A Revista Mundo da Nobreza tem nos
proporcionado momentos interessantes na leitura de alguns temas heráldicos.
Seguimos, hoje, noutra particular peça heráldica. No texto passado pudemos ler
a respeito dos Aumentos de Honras, suas características, concessões e etc. No
texto de hoje trataremos sobre os Chefes Heráldicos.
Conceitualmente falando, o Chefe é uma peça de honra. Ele ocupa o tercio superior do escudo e é lineada horizontalmente. Podemos dizer que equivaleria, num conjunto completo, ao elmo do cavaleiro. O Chefe do Escudo costuma sempre remeter a pertença do armigerante¹ há alguma Ordem Cavalheiresca ou a algum "movimento partidário" político em que se desenvolveu determinado contexto histórico.
Muitas Ordens de Cavalaria, aqui destacamos as Ordens Religiosas, tinham como representação de si própria nos escudos essas peças que chamamos de Chefe. Podemos destacar aqui a Ordem Soberana e Militar de Malta, com seu chefe de goles(vermelho) carregado com uma cruz latina de prata(branca). O Chefe da Ordem Militar e Hospitalar de São Lázaro de Jerusalém, campo de prata carregado com uma cruz latina de sinopla. A Ordem Militar de Santa Maria, conhecida como Ordo dei Frati Gaudenti, tem seu chefe descrito um pouco diferente desses acima. Ele é descrito como: chefe de prata, carregado de uma Cruz latina de goles, acompanhada nos flancos superiores por duas estrelas de oito pontas do mesmo, da Religião da OMSM. Nesse já podemos ver que ele é descrito de forma diferente, temos o acréscimo das estrelas. Essas posições são importantes para que sejam identificadas as armas e as Ordens as quais os cavaleiros, que tenham recebido a concessão d'armas, pertençam.
O Chefe, como já dissemos, é uma peça honrosa. Cada Soberano ou Grão-Mestre, no decorrer da história, junto de seus Reis-de-Armas foram regulando sua concessão e uso. Vejamos, por exemplo, o caso da Ordem de Malta. Somente os Bailio-Cavaleiros de Grã-Cruz tem direito de portar o Chefe Heráldico em suas armas. Os demais que não cumprem esse requisito não podem usá-lo. Culturalmente, nas Espanhas, é permitido que os Cavaleiros usem os Chefes das Ordens, claro que aqui a exceção são as Ordens cujas regras de uso dos Chefes permitam essa utilização. Aqui vemos os usos do Chefe como meio de pertença-participação à uma família religiosa.
Heraldicamente o Chefe representa pertença, num sentido mais amplo... um partido, assim, podemos ver claramente na famosa Guerra dos Guelfos e Gibelinos. Creio que nunca a heráldica teve tanto valor físico-representativo como, de fato, na situação da Guerra Papa-Sacro Imperador. Os Chefes não são novidades heráldicas. Quem nunca viu um brasão com os Chefes e sempre pensou: “Que curioso... Já vi alguns brasões assim, o que isso viria a significar?”. Temos a resposta.
Creio que nenhuma outra nação viveu algo tão próprio onde a
heráldica fizesse essa diferença como a Península Itálica. Bastiões com bandeiras
hasteadas, flamulas identificando armas e ao olhar... Interessante, simplesmente
ao olhar, você identificar se o território é ou não amigo.
Guelfos eram os apoiantes do Poderio Papal. Gibelinos eram
os apoiadores da supremacia Imperial. Isso dentro do contexto de domínios italianos.
A história da guerra eu deixarei como homework. Mas, exponho aqui os brasões originais
e como ficaram os chefes desse momento histórico.
Essa situação foi tão forte na Peninsula Itálica que
membros da mesma família estavam de lados opostos. Veja o brasão de dois ramos
da família Accarisi. Parte da família estava com o Sacro imperador e parte com
o Papa.
O Chefe do Império sofreu modificação. Num primeiro momento o chefe do Império era uma águia de uma única cabeça, chamado de Capo dell’Impero Antico. Depois, quando a águia passou a ser bicéfala, esse, passou a ser conhecido somente como Capo dell’Impero.
Para os interessados no assunto, fica mais uma pesquisa!
Paulo
R S Fernandes
Conde
de Colle d’Agnese, Barão de Plattera.
(para falar com o colunista, escrever para condepaulo@m-mundo.com)
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